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O que é preciso saber sobre a vacina contra o sarampo
Data de publicação: 10 de fevereiro de 2015
O sarampo está se espalhando pelos Estados Unidos com uma velocidade que preocupa os oficiais de saúde, com 102 casos até agora só este ano, em pelo menos 14 estados.
A maioria das infecções está ligada a um surto da doença que começou na Disneylândia, na Califórnia, em dezembro, quase com certeza trazida por alguém de outro país. Houve também alguns outros casos importados, segundo a doutora Anne Schuchat, diretora do Centro Nacional de Imunização e Doenças Respiratórias do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
O sarampo foi erradicado dos Estados Unidos no ano 2000, o que significa que a infecção não se origina mais no país. Mas, no resto do mundo, ainda há por volta de 20 milhões de casos por ano. Em 2013, cerca de 145.700 pessoas morreram por causa de sarampo. Os viajantes podem levar o vírus para dentro dos Estados Unidos e transmiti-lo para pessoas que não foram vacinadas.
O sarampo se dissemina pelo ar e está entre os tipos de vírus mais contagiosos. Em epidemias anteriores, não era incomum que um paciente fosse responsável pela infecção de outros 20. Cerca de 90 por cento das pessoas expostas vai ficar doente (a não ser que estejam imunes por já terem tido a doença ou terem sido vacinados). O vírus pode ficar suspenso no ar por várias horas, por isso, é possível contrair sarampo apenas andando em uma sala onde uma pessoa infectada passou algum tempo. Respirar uma quantidade pequena de partículas virais já é suficiente para a contaminação.
A doença é motivo de preocupação porque tem a capacidade de resultar em complicações severas, incluindo pneumonia e encefalite, que podem ser fatais. Aqueles que sobrevivem à encefalite, correm o risco de ter danos cerebrais. O sarampo também pode causar surdez. E mesmo sem complicações, o vírus deixa as crianças muito doentes, com febres altas, erupções na pele e irritação nos olhos. Infecções de ouvido dolorosas também são comuns.
Aqui vão algumas perguntas sobre a doença e a vacina para preveni-la.
Os Estados Unidos foram afetados de maneira particularmente dura?
Muitos países relativamente saudáveis estão tendo surtos piores. Virtualmente toda Europa continental está passando por um surto grande desde 2008, com mais de 30 mil casos em vários anos.
A França, que recebe mais turistas do que qualquer outro país, teve 15 mil casos de sarampo em 2013, com pelo menos seis mortes. Cerca de 95 por cento dos casos eram de pessoas que nunca haviam sido vacinadas ou não tomaram as duas doses recomendadas.
Nos Estados Unidos, comunidades vulneráveis tiveram surtos nos últimos anos, incluindo judeus ortodoxos, no Brooklin, e integrantes da comunidade amish de Ohio. Mas a taxa de vacinação está relativamente baixa em algumas vizinhanças ricas e liberais. Vashon Island, um subúrbio de Seattle, tem possivelmente o menor índice de vacinação de todos os distritos saudáveis do país.
Quem corre mais risco de ficar seriamente doente por causa do sarampo?
Bebês e crianças pequenas que não foram vacinadas são os mais vulneráveis, e correm o risco de sofrer complicações perigosas.
"Mesmo em países desenvolvidos como os Estados Unidos, para cada mil crianças que pegam sarampo, de uma a três morrem, mesmo com os melhores tratamentos", avisou a doutora Anne Schuchat em uma teleconferência para a imprensa. Nos Estados Unidos, de 2001 a 2013, 20 por cento das crianças pequenas com sarampo precisaram ser tratadas em hospitais.
Em mulheres grávidas que nunca foram imunizadas ou que nunca tiveram sarampo, a doença aumenta a chance de parto prematuro, abortos e nascimento com peso abaixo do normal. Pessoas com leucemia e outras doenças que enfraquecem o sistema imunológico também correm risco de ter problemas graves por causa do sarampo.
A melhor proteção para grupos de alto risco, diz Anne, é que os índices de vacinação aumentem na população em geral, assim a doença não ganha espaço e não se espalha.
A vacina contra o sarampo é segura?
Não existe qualquer evidência de que a vacina cause danos. Já ficou provado que a pesquisa de 1998 que ligava a vacina ao autismo era fraudulenta e ela passou por uma retratação. Depois de tomar a vacina, as crianças podem ter uma febre baixa e passageira – um aumento de menos de 1 C – e desenvolver brotoejas.
Quando as crianças devem ser vacinadas contra sarampo?
Elas precisam de duas doses, uma entre os 12 e os 15 meses de idade e outra entre quatro e seis anos, de acordo com o CDC. As injeções combinam vacinas contra sarampo, caxumba e rubéola.
Por que os bebês só podem tomar a vacina depois do primeiro ano de vida?
Durante o primeiro ano, as crianças carregam anticorpos de suas mães que podem impedir a vacina de funcionar, por isso é melhor adiar a vacinação. Mas se existe um risco de que ela seja exposta – por exemplo, uma viagem internacional – a primeira dose pode ser dada aos seis meses e possivelmente trará alguma proteção. Mas esses bebês vão precisar de mais duas doses, a segunda aos 12 meses e a terceira pelo menos 28 dias depois.
Quanto tempo demora para a vacina começar a funcionar?
A vacina normalmente leva de dez dias a duas semanas para começar a proteger.
Quão efetiva é a vacina de sarampo?
Mais de 95 por cento das pessoas vão ficar imunizadas depois de receber uma dose, de acordo com o CDC. Com duas doses a eficácia atinge cerca de 97 por cento. A vacina falha em uma pequena porcentagem de pessoas, não se sabe a razão. Uma das causas possíveis é a sua má utilização; se ela não é mantida resfriada pode se tornar inativa.
Quem não deve tomar a vacina?
Mulheres grávidas, pessoas com o sistema imunológico enfraquecido e com algumas doenças. No site do CDC há uma lista detalhada (em inglês) das condições em que a vacina deve ser adiada ou evitada.
Eu não sei se já tive sarampo ou tomei a vacina. O que devo fazer?
A solução mais fácil é ser vacinado. Mesmo que você já tenha sido, não há problema em tomar outra dose. A vacina de sarampo é sempre dada junto com a de caxumba e a de rubéola.
Todas as pessoas nascidas nos Estados Unidos antes de 1957 estão supostamente imunizadas contra sarampo, porque a doença era tão comum antes da vacina que virtualmente todo mundo já teve e se tornou imune.
É possível fazer um exame de sangue que checa os anticorpos para o sarampo, que pode indicar se você teve a doença ou foi vacinado e, assim, está imune. Mas para fazer o teste é preciso ir ao médico pelo menos duas vezes e esperar pelos resultados do laboratório. Tomar a vacina é mais simples, fácil e barato.
É seguro esticar o calendário de vacinação para que os bebês não recebam mais de uma ou duas vacinas de cada vez?
Alguns pais temem que tomar várias vacinas vai sobrecarregar o sistema imunológico da criança. Mas os especialistas em doenças infecciosas dizem que não há motivos para esticar o calendário de vacinação ou para se preocupar com a ideia de que o sistema imunológico da criança não conseguirá lidar com várias vacinas administradas ao mesmo tempo.
"Quando a criança vem para o mundo pelo canal de nascimento, seu sistema imunológico já está sendo estimulado por todos os tipos de bactéria", explica o doutor William Schaffner, especialista de doenças infecciosas da Universidade Vanderbilt. "A criança está sendo estimulada constantemente, e é assim que o sistema imunológico dos pequenos foi programado pela natureza para trabalhar e se tornar competente."
O sistema imunológico de uma criança pode facilmente responder a todas as vacinas dadas de acordo com o calendário normal recomendado nos Estados Unidos, diz Schaffner.
Ele avisa que esticar o calendário não apenas é desnecessário como pode colocar a criança em risco por aumentar o período em que ela fica suscetível às doenças que a vacinação pode prevenir.
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