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Cientistas testam uso do vírus da herpes contra câncer de pele
Fonte: O Globo
Data de publicação: 28 de maio de 2015
-LONDRES- Cientistas ingleses estão experimentando uma arma promissora contra a forma mais agressiva de câncer de pele. Eles usaram amostras geneticamente modificadas do vírus da herpes para tratar 400 pacientes com melanoma. De acordo com um estudo publicado no “Journal of Clinical Oncology”, os resultados são animadores, e, se aprovada, a droga T-VEC pode estar no mercado no ano que vem.
O tratamento é baseado numa versão “neutralizada” do vírus da herpes, modificado para parar de produzir a proteína que lhe permite atacar células saudáveis. As células cancerígenas, então, passam a produzir sua própria versão da proteína bloqueada, o que permite ao vírus modificado crescer junto com o tecido afetado pelo câncer. A herpes se multiplica dentro das células cancerígenas até que elas explodam, espalhando o vírus por toda a área ao redor da célula, e desencadeando uma reação imunológica contra o tumor. —O Talimogene laherparepvec (TVEC) é um vírus do herpes simples geneticamente programado para invadir apenas as células tumorais, preservando as células sadias — explica Andréia Melo, especialista do Grupo Oncologia D’Or. — Mostrou resultados bastante animadores, com ganho de redução da carga tumoral e da duração da resposta, assim como aumento na sobrevida global nos pacientes que o receberam. Esse é mais um estudo que mostra a revolução que vem ocorrendo na oncologia atual, a chamada imuno-oncologia.
Após seis meses de testes, um em cada quatro pacientes respondeu à nova droga, e 16% dos 400 doentes ainda estavam em remissão. No grupo de controle, com pessoas que usaram tratamento convencional, esse índice foi de 2%. Ainda segundo o estudo, 10% dos pacientes tratados com o T-VEC ficaram livres da doença. Se isto persistir por cinco anos, essas pessoas podem se considerar curadas.
O tratamento também apresenta menos efeitos colaterais que a quimioterapia. —É a primeira vez que a “virusterapia” é bem sucedida na fase três de um experimento, com exames clínicos em seres humanos — afirmou o médico Kevin Harrington, coordenador da pesquisa no Instituto de Pesquisa de Câncer de Londres.