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Fiocruz estuda nova arma no combate à dengue no Rio


Fonte: O Globo
Data de publicação: 27 de outubro de 2015

Faz 28 graus na pequena sala onde dez biólogas da Fiocruz trabalham. A temperatura e a umidade controladas favorecem a vida de até 40 mil mosquitos Aedes aegypti adultos que estão sendo criados ali. No mesmo local, as fêmeas colocam ovos contaminados com a bactéria Wolbachia, que impede a transmissão do vírus da dengue. São os mesmos ovos que, desde agosto, a Fiocruz vem liberando no bairro de Tubiacanga, na Ilha do Governador, e em Jurujuba, em Niterói. O método, inédito no Brasil, pretende ser mais uma arma no combate à doença.

A cada 15 dias, entre 150 e 200 ovos são colocados nas casas de cada um dos 170 moradores das duas localidades. Eles são depositados num recipiente branco, com quatro furos, um litro de água e ração de peixe (alimento para as larvas que vão nascer). De sete a dez dias depois, já adultos e capazes de voar para fora, os mosquitos saem do balde e se reproduzem. A próxima geração tem grande chance de já nascer com Wolbachia porque a fêmea naturalmente transmite a bactéria para os filhotes.

— Essa nova metodologia é bastante promissora porque poderíamos fazer uma criação muito grande de mosquitos no Rio. No futuro, seria possível enviar esses ovos para outros lugares no Brasil sem a necessidade de criá-los em cada cidade do país — diz Luciano Moreira, pesquisador da Fiocruz e coordenador do projeto no Brasil.

A tática de liberação de ovos vem sendo usada em conjunto com o lançamento de mosquitos adultos, também com Wolbachia, na Ilha do Governador (em Niterói, estão sendo lançados apenas os ovos). Este método começou em setembro do ano passado e se estendeu até janeiro de 2015. Durante o período, a Fiocruz constatou que 65% dos mosquitos Aedes aegypti da região continham a bactéria. O resultado é considerado satisfatório. Mas...

— Durante a fase de monitoramento, que é quando paramos de soltar os mosquitos e fazemos um estudo para ver se eles contêm ou não a bactéria, percebemos uma queda no número dos que possuíam. Isso aconteceu, possivelmente, porque tivemos um verão muito quente, seco e com pouca chuva. E talvez pelo uso de inseticidas na região. Isso nos trouxe a necessidade de liberar mais mosquitos adultos este ano. Soltamos até 20 mil por semana — explica Luciano. — Em Niterói, lançamos só os ovos porque queremos fazer uma comparação para ver o que é mais eficiente.

O pesquisador comenta também que ainda não é possível afirmar se, de setembro de 2014 até agora, houve de fato uma redução no número de casos de dengue em Tubiacanga. Segundo ele, para se chegar a tal conclusão é necessário um estudo mais profundo e prolongado, que deve começar a ser feito em 2016.

— A dengue é uma doença sazonal. Você pode passar quatro anos com um número baixo de casos, mas não poderemos estar certos de que aquilo foi devido à colocação dos mosquitos com Wolbachia — fala. — Mas claro que a gente espera que a maioria não transmita o vírus.

Investigação sobre a Wolbachia começou na Austrália

A Wolbachia é encontrada em cerca de 70% dos insetos no mundo e é restrita aos animais invertebrados. O Aedes aegypti não possui. Após quatro anos de tentativas, em 2008 pesquisadores da Austrália conseguiram transferir a bactéria da mosca-da-fruta (ou drosófila) para o mosquito através de microinjeções.

— Em 2011, a Fiocruz importou 2 mil ovos com a autorização do Ibama. Quando viraram adultos, cruzamos com os mosquitos do Rio — conta Luciano, que passou dois anos e meio na Austrália, participando do projeto.

O uso da Wolbachia no combate à dengue começou a ser estudado depois que pesquisadores perceberam que os pernilongos (que possuem a bactéria) há tempos picam os homens sem desenvolver qualquer tipo de doença ou reação imune causados diretamente por ela. Por ser intracelular, a Wolbachia é inviabilizada de sair durante a picada do mosquito. As células onde ela está situada são maiores do que o canal salivar do Aedes aegypti, por isso não está presente na saliva que o animal solta quando pica.

Preocupação com a chegada do verão

De acordo com dados da Superintendência de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde do Rio, entre 1º de janeiro e 5 de setembro de 2015, foram notificados 53.371 casos suspeitos de dengue no Estado. Dezessete pessoas morreram. Em todo o Brasil, foram registrados 1.463.776 casos prováveis da doença entre 4 de janeiro e 26 de setembro deste ano (com pico de incidências em abril). Neste período, a região Sudeste foi a que mais sofreu com a doença, com 937.599 pessoas infectadas; 64,1% em relação a todo o país.

Os números assustam. Nos oito primeiros meses de 2015, o Brasil registrou recorde no número de mortes por dengue: 693. Para o próximo verão, a preocupação é ainda maior. A Secretaria Estadual de Saúde afirma que o início do período das chuvas e a previsão de que a estação será marcada por altas temperaturas vão favorecer a proliferação de mosquitos no Rio. A tendência é de que isso aconteça também no resto do país, pois há a previsão de que o Brasil enfrente o El Niño mais forte das últimas duas décadas. O fenômeno, que aquece as águas do Oceano Pacífico, promete trazer ao continente um verão mais quente e chuvoso do que o normal. Condições perfeitas para a proliferação do mosquito.

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