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O alerta do organismo
Fonte: Correio Braziliense
Data de publicação: 19 de janeiro de 2016
Os excrementos do corpo revelam muito sobre os hábitos e a saúde de uma pessoa. A urina com espuma ou aparência efervescente, por exemplo, pode ser um alerta importante para a perda de proteína e um possível problema renal. Sangue nas fezes, um sinal de câncer. Por isso a importância de inspecionar esses dejetos. Se você acha o hábito desagradável, convença-se de que, com ele, dá para evitar o agravamento de problemas sérios, garantem especialistas.
Mas o que não é normal? Quais os parâmetros para a comparação? Segundo Sinara Leite, presidente da Sociedade Mineira de Coloproctologia e professora da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, conseguimos saber o que é mais comum para nós mesmos, e isso já é padrão para identificar alterações no aspecto, na cor e no cheiro dos resíduos, além da frequência deles.
Alguns critérios, contudo, determinam a margem do que é saudável. Muco nas fezes pode ser sinal de intestino preso, mas também de tumor; assim como sangue pode ser decorrente de hemorroida e fissura anal, mas também de câncer no intestino. Nesses casos, uma colonoscopia é essencial. “Fezes que variam de pastosas a formadas, embora macias, têm pH neutro e, portanto, não vão agredir o ânus nem mecânica nem quimicamente. As muito moles, líquidas, têm pH alterado e, por isso, assam e provocam ardência, já que o pH irrita a pele. Já as muito duras agridem mecanicamente porque vão exigir esforço para serem evacuadas”, detalha Sinara.
Segundo a especialista, um parâmetro subjetivo é responder positivamente à seguinte pergunta: Quando acabo de evacuar, me sinto bem? “Se surgiu a vontade e a pessoa evacuou naturalmente, sem esforços. Se não ‘queimou’ e, no fim, ela teve a sensação de estar livre, de não ter ficado nada para trás, então, é o que eu chamaria de saudável. Tem gente que vai conseguir isso uma vez a cada dois dias; outras pessoas, duas a três vezes ao dia. A frequência não é o mais importante, desde que mantenha um padrão”, explica Sinara.
Mudanças nesse ritmo, sangue e muco devem ser examinados. Tanto um clínico geral quanto um coloproctologista ou gastroenterologista podem ser procurados nesse caso. “Sangue nunca é normal, muco pode ocorrer se a pessoa ficar constipada muitos dias”, explica a médica. Segundo a presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia, Maria do Carmo Friche Passos, o funcionamento normal do intestino varia de três vezes ao dia até três vezes por semana.
“O que não é normal é quando isso muda muito. A pessoa deve conhecer o seu padrão para perceber quando houver uma mudança significativa no seu ritmo intestinal”, alerta a também professora-associada da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Uma mudança temporária pode ser normal, como a constipação durante uma viagem. Mas, se o problema permanecer, a origem dele precisa ser investigada.
Gordura
A aparência das fezes também merece atenção. É o caso das gordurosas. “Às vezes, a pessoa abusa no consumo de gordura e o organismo elimina o excesso do que não conseguiu absorver. Se a gordura é pontual, não tem problema; mas, se ela permanece, precisa ser investigada”, diz Maria do Carmo.
A aparência das fezes também merece atenção. É o caso das gordurosas. “Às vezes, a pessoa abusa no consumo de gordura e o organismo elimina o excesso do que não conseguiu absorver. Se a gordura é pontual, não tem problema; mas, se ela permanece, precisa ser investigada”, diz Maria do Carmo.
As fezes, normalmente, constituem uma massa formada de fibras e micro-organismos. Segundo Sinara, as melhores de serem evacuadas têm o formato similar ao de uma banana. “São compridas, têm calibre normal e saem de uma vez só, sem muito esforço”, explica. Quanto à cor, o mais comum é que variem de amareladas a amarronzadas. As pretas, como borra de café, e de odor fétido, podem indicar a existência de sangramento no tubo digestivo alto, caso do estômago ou do duodeno. “Durante seu percurso até ser evacuada, elas vão sofrendo processos químicos e escurecendo”, explica a médica.
Variação por idade
No caso da urina, a cor é um dos principais aspectos a serem observados. Segundo José de Resende Barros Neto, diretor-presidente da Sociedade Mineira de Nefrologia e coordenador do Serviço de Nefrologia do Hospital Felício Rocho, a clara sinaliza que a pessoa está bem hidratada. “Quando perguntam o quanto de água devemos beber, digo que o suficiente para deixa a urina clara. Quem usa diurético deve ter cuidado, assim como quem abusa do álcool.”
Variação por idade
No caso da urina, a cor é um dos principais aspectos a serem observados. Segundo José de Resende Barros Neto, diretor-presidente da Sociedade Mineira de Nefrologia e coordenador do Serviço de Nefrologia do Hospital Felício Rocho, a clara sinaliza que a pessoa está bem hidratada. “Quando perguntam o quanto de água devemos beber, digo que o suficiente para deixa a urina clara. Quem usa diurético deve ter cuidado, assim como quem abusa do álcool.”
O xixi do amarelo-claro ao transparente, sem sangue ou pus e, de preferência, que saia com facilidade também é um bom sinal. Em homens idosos, em decorrência de problemas na próstata, porém, o jato pode ficar mais fraco. Mas atenção à espuma, que pode indicar perda de proteína. A ocorrência do problema isolado pode até ser efeito de um resíduo simples no vaso, mas, se persistir, um médico deverá ser consultado.
Problema renal
A espuma pode ser ainda resultado de infecção, também indicada quando o dejeto fica turvo, avermelhado ou mais escurecido. “Qualquer inflamação no trato urinário pode dar pus, mas ele aparece mais em casos avançados”, explica o nefrologista. A presença de sangue sugere comprometimento renal, cálculo renal e mesmo neoplasias. “Quando chega ao consultório um paciente urinando sangue, primeiro observo a idade. Se for um idoso que fumou por muitos anos, posso desconfiar de um tumor de bexiga. Sempre combinamos os dados à história clínica”, explica José de Resende.
A espuma pode ser ainda resultado de infecção, também indicada quando o dejeto fica turvo, avermelhado ou mais escurecido. “Qualquer inflamação no trato urinário pode dar pus, mas ele aparece mais em casos avançados”, explica o nefrologista. A presença de sangue sugere comprometimento renal, cálculo renal e mesmo neoplasias. “Quando chega ao consultório um paciente urinando sangue, primeiro observo a idade. Se for um idoso que fumou por muitos anos, posso desconfiar de um tumor de bexiga. Sempre combinamos os dados à história clínica”, explica José de Resende.
O sangue, mesmo em pequena quantidade, pode tornar a urina totalmente vermelha ou com tons amarronzados. Há medicamentos, como analgésicos, e bactérias que podem deixá-la esverdeada. “Qualquer cor que fugir do tom amarelo-claro demanda atenção. Adultos hipertensos, com diabetes ou problemas renais na família devem fazer pelo menos um exame de urina de rotina por ano. Os demais devem fazer a cada checape. É um exame simples, barato e que dá muita informação sobre a doença renal, habitualmente assintomática”, ressalta o médico.
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