CRF-PR

Formação técnica: farmacêuticos se reúnem em Curitiba para o curso Hands Oncology

Curitiba recebeu, no dia 1 de novembro, um dos encontros mais completos já promovidos no Paraná voltados à capacitação prática e teórica de farmacêuticos que atuam na oncologia. O curso Hands Oncology, realizado pelo Grupo Técnico de Trabalho de Farmácia Hospitalar Clínica e Oncológica do CRF-PR, com apoio do Conselho Federal de Farmácia (CFF), reuniu profissionais e especialistas para discutir — e sobretudo vivenciar — os desafios técnicos e clínicos da manipulação e do acompanhamento de terapias antineoplásicas.

O objetivo foi capacitar farmacêuticos capazes de unir precisão técnica e olhar clínico-humanizado diante do tratamento oncológico, uma das áreas mais complexas e exigentes da profissão.

Da teoria à prática: a manipulação como ciência e responsabilidade

A abertura do evento, conduzida pela diretora secretária, Dra. Greyzel Benke, trouxe uma visão panorâmica do cenário mundial da oncologia e das perspectivas da profissão no Brasil. A mensagem principal foi clara: o farmacêutico oncológico é hoje um elo indispensável entre a ciência, a segurança e o cuidado integral ao paciente.

Logo em seguida, a especialista Dra. Nathalia de Medeiros Santos Tenório Corrêa conduziu a palestra sobre Boas Práticas e Biossegurança na Manipulação de Antineoplásicos, detalhando protocolos de paramentação, uso de EPIs e EPCs, limpeza e certificação de cabines de segurança biológica, descarte de resíduos e sistemas fechados. Mais do que uma lista de procedimentos, tratou-se de uma imersão no rigor técnico que sustenta a segurança do paciente e do profissional.

“Cada etapa, da antissepsia à rotulagem, é um ponto de controle que pode determinar a qualidade do tratamento e a integridade do trabalhador”, destacou Dra. Nathalia.

Simulação realística: o laboratório como espelho da vida real

A manhã seguiu com uma simulação realística conduzida pelas farmacêuticas, Dra. Camile da Rocha, Dra. Leticia Costa Mastrangelo Coelho, Dra. Miriane Regina Moura e Dra. Nathalia Corrêa, que colocou os participantes frente a frente com o cotidiano de um laboratório oncológico.

Os farmacêuticos executaram técnicas de preparo de medicamentos estéreis e citotóxicos, reconstituição e diluição de liofilizados, punção segura e manejo de equipos. O exercício, minucioso, reproduziu o ambiente de pressão e precisão exigido na rotina hospitalar.

“A manipulação de agentes quimioterápicos não admite improviso — requer treinamento contínuo, controle ambiental e consciência do risco. A simulação é a forma mais eficaz de transformar o conhecimento em reflexo”, observou Dra. Camile da Rocha, uma das instrutoras da atividade e também membro do GTT de Farmácia Hospitalar Clínica e Oncológica.

A dimensão clínica: da bancada ao paciente

À tarde, o foco migrou da cabine de segurança biológica para a clínica farmacêutica. Na palestra “Serviços Farmacêuticos Clínicos em Oncologia”, Dra. Camile da Rocha apresentou ferramentas para revisão farmacoterapêutica, conciliação medicamentosa e manejo de interações e toxicidades, enfatizando o papel ativo do farmacêutico no cuidado longitudinal do paciente oncológico.

Segundo ela, “a assistência farmacêutica oncológica começa no preparo, mas se completa na escuta. É na revisão de um esquema, na orientação sobre efeitos adversos e no diálogo com a equipe multiprofissional que o farmacêutico reafirma seu papel no tratamento do câncer”.

Casos clínicos e roda de conversa: o conhecimento compartilhado

O encerramento do curso foi marcado por estudos de caso e uma roda de conversa, em que os participanted analisaram situações reais de manejo de doses, ajustes conforme exames laboratoriais e intervenções profiláticas. Cada instrutor percorreu as mesas, promovendo discussões práticas e trocas de experiências.

O resultado foi mais do que uma capacitação técnica: foi um exercício coletivo de raciocínio clínico, tomada de decisão e cooperação interdisciplinar.

Formação contínua e impacto profissional

Com uma grade intensa e foco em prática, o Hands Oncology reafirma o compromisso do CRF-PR e do CFF em fortalecer a formação de especialistas em áreas de alta complexidade, como a oncologia.

Em um contexto em que o número de pacientes oncológicos cresce e as terapias tornam-se cada vez mais individualizadas, o farmacêutico assume um papel central — não apenas como executor técnico, mas como profissional de cuidado, de ciência e de segurança.

“Formar especialistas capazes de compreender o paciente oncológico em toda a sua complexidade é investir no futuro da assistência farmacêutica e, sobretudo, na qualidade de vida de quem enfrenta o câncer”, concluiu os membros do GTT durante a roda de conversa final.